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janeiro 20, 2013

.O que é um desinfeliz?

Espante-se o leitor, mas a forma está registada (nos dicionários de Portugal e Brasil e nos vocabulários do Portal da Língua Portuguesa e da Academia Brasileira de Letras) como linguagem informal e popular.
O processo de formação da palavra é pleonástico, uma vez que junta dois prefixos: des+in. Numa interpretação literal, o seu significado seria feliz. Caso existisse, seguindo as regras, teríamos, quando muito, desfeliz!

Conclusão:
Embora registado nas fontes, não é aconselhável introduzir o uso de desinfeliz na sua linguagem. Não direi, como Rodrigo de Sá Nogueira, que “só a emprega gente ignara ou aqueles que, por graça, pretendem apoucar essa gente”, mas deixemos ao povo o que é do povo!

Bom serão!
AP


8 comentários:

  1. Olá Professor.
    Para não passar um inverno"desinfeliz"(rsrsr) em Portugal,sinta se convidado vir visitar nossas praias, onde o calor predomina praticamente o ano todo.
    Até mais meu amigo

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  2. Por exemplo, um ignaro que a empregou foi Tomaz de Figueiredo no seu «Dicionário Falado», Verbo, 1971; e sem intuito de apoucar quem quer que fosse.
    Enfim, um ignaro.
    - Montexto

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    1. Desta vez, meu caro Montexto, não enfio a carapuça. Efetivamente encontrei a palavra num dicionário de Cândido de Figueiredo: "*Desinfeliz*, adj. Pop." ("desinfelizmente" não tenho o "Dicionário Falado").
      Vamos à resposta ao que diz:
      1. Parece tratar-se de linguagem popular, pelo é ajustado o conselho de deixo na mensagem: "mas deixemos ao povo o que é do povo!"
      2. Quanto ao "ignaro", o termo está numa citação de Rodrigo de Sá Nogueira (que já não se pode defender...), que refiro apenas, dizendo não ir tão longe.
      Assim, de que sou acusado, meu caro amigo?

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  3. Evidentemente que a carapuça não era para si. Era e só podia ser para o autor da frase, Rodrigo de Sá Rodrigues, que tem mais coisas sujeias a caução.
    - Montexto

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    1. Então, está bem! Claro que, ao fazer a citação, também sou parcialmente responsável por ela. Como já referi antes, o que me sobre em empenho e boa vontade neste cibertrabalho , por vezes, falta-me nos conhecimentos para decidir que fontes/autores são ou não fidedignos. A tarefa é complicada e a alternativa é "fechar a loja", o que já me ocorreu mais do que uma vez.
      AP

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  4. É uma boa loja. Todas ainda são poucas para apregoar e vender esta ropica pnefma. Eu quisera-a de portas mais apertadas ou de entrada menos franca. Mas nunca ninguém satisfará a todos. Lembremo-nos sempre da fábula do «Meunier, son fils et l’âne», de La Fontaine, e demo-nos por contentes.
    - Mont.

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  5. No Brasil existem 'mundos paralelos', entre eles o da dublagem e o das novelas. Na dublagem a fala do dublador precisa seguir os movimentos labiais do ator. Como nos filmes americanos usam bastante o termo 'cop' para policial e como o equivalente em português é muito comprido adotaram uma gíria antiga dos anos 60 que ninguém mais usa, o 'tira'. Nas novelas da Globo passadas fora do Rio e São Paulo os atores recebem aulas de prosódia mas sempre, para evitar problemas com os locais, são instruídos a dizer que utilizam um modo de falar q 'sugere' por exemplo o sotaque nordestino ou baiano ou mineiro etc (ou seja, não é idêntico). Com o sucesso veio a repetição de temas. Assim as novelas passadas na Bahia ou no nordeste ganharam um vocabulário de palavras pinçadas ou 'inspiradas' in situ q se repetem nas novas produções se aproveitando do fato de q o público já está acostumado (embora ninguém tenha certeza de q falem mesmo assim lá no nordeste): 'visse', 'óxente', 'abestado', 'apoquentar', 'avexado', 'cabra macho', ''cunhã', 'custoso', 'danou-se!', 'sustança', 'manguaça' etc E tb 'desinfeliz' que ficou conhecida no Brasil por causa das tais novelas, e talvez o mesmo tenha ocorrido em Portugal. Diferente dos EUA (onde fuck isso fuck aquilo entra em todo filme) ou da Argentina (onde a imprensa reproduz literalmente os palavrões de atrizes, jogadores de futebol e políticos na 1a página) o Brasil prefere a hipocrisia embora digamos muito tenha evoluído nesta área ultimamente. Assim se chamar alguém de 'desgraçado' numa novela soa meio forte e inadequado então a opção será por soluções mais palatáveis: 'desgramento', 'desgramado', 'desinfeliz' etc Fiquei mesmo surpreso por saber q 'desinfeliz' faz parte do dicionário!

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